sexta-feira, 24 de setembro de 2010

BAUNILHA

Nomes científicos: Vanilla planifolia, Vanilla pompona, Vanilla tahitensis

Classificação:
Reino: Plantae
Filo:Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Orchidaceae
Subfamília: Vanilloideae
Tribo: Vanilleae
Gênero: Vanilla



em Francês - Vanille, em Italiano - Vaniglia, em Espanhol - Vainilla, em Inglês - Vanilla, em Alemão - Vanille

Toda a gente conhece a baunilha, já comeu algo que leva baunilha, gosta do seu aroma adocicado e sabor peculiar que, segundo dizem, uma vez experimentado nunca é esquecido.

Talvez não saiba, contudo, que todo esse aroma e sabor que estamos habituados a encontrar em doces, gelados, bolos, bebidas, incensos, produtos de beleza e tantas outras coisas, provém do fruto de uma orquídea.
Isso mesmo! Aquelas vagens escuras e fininhas, cujo perfume nos é tão familiar desde a infância, vêm, sim, de alguns tipos de orquídeas tropicais cujo gênero, justamente por causa delas, acabou sendo baptizado Vanilla. trata-se das únicas orquídeas com uso na alimentação humana e com interesse comercial para além do contexto floral-ornamental.

A palavra baunilha deriva de vanilla ou "vainilla" (vagem pequena), nome dado pelos conquistadores espanhóis à rica especiaria que encontraram no 'novo mundo', numa justa alusão ao seu formato. Em português, "vainilla" deu origem a baunilha, nome que designa não apenas a especiaria em si, mas que, também, é popularmente utilizado para as orquídeas desse gênero.


Tesouro Asteca
A baunilha é oriunda do Sudeste do México, da Guatemala e de outras regiões da América Central e as civilizações pré-colombianas dessas áreas já a conheciam e utilizavam. Chamavam-na de "Tlilxochitl" ou "Xahanat", que significava 'a flor negra'.
Os astecas utilizavam-na para aromatizar e realçar o sabor de uma bebida sagrada - o chocolate (chololatl), a mesma com a qual o imperador Montezuma generosamente manifestou a hospitalidade do seu povo ao explorador espanhol Hernán Cortés, sem imaginar o que o futuro lhe reservava.

Diz-se que a baunilha foi o único tesouro que os espanhóis não conseguiram levar dos astecas. Bem que quiseram, mas todas as tentativas de cultivá-la em Espanha ou noutras regiões fracassaram. A planta crescia e florescia, mas nada de dar frutos. A razão era a falta de insectos polinizadores, que, pela delicada natureza da flor, que possui uma membrana separando o órgão reprodutor masculino do feminino, dificultando a polinização natural, precisavam ser muito pequenos e especializados, para conseguirem cumprir essa missão e não existiam fora do habitat de origem da planta.

Sómente em 1836, quando o botânico belga Charles Morren (1807/1858) conseguiu a polinização artificial, é que o cultivo da baunilha se difundiu.
Em 1841, um jovem escravo de 12 anos, chamado Edmond Albius descobriu, por ele mesmo, a técnica da polinização manual. Assim, em 1848, o departamento ultramarino francês de Réunion exportou para a França cerca de 50 favas. Devido ao grande sucesso deste cultivo, a cultura da Vanilla foi introduzida nas ilhas vizinhas (Madagascar, Comores, Santa Maria) e em 1898, cerca de 200 toneladas de vagens foram produzidas pelas colônias francesas.

A descoberta da polinização artificial e a venda de mudas permitiram o desenvolvimento do cultivo comercial da Vanilla nas regiões tropicais e, além da França, a Inglaterra e a Bélgica cultivaram esta orquídea em muitos territórios coloniais.

Hoje, a ilha africana de Madagascar é a maior produtora mundial de baunilha e, juntamente com os vizinhos Comores e Réunion, é responsável por ca. de 90% da produção, calculada em cerca de 12 mil toneladas por ano. México, Uganda e Congo, também, são produtores. No Brasil, a baunilha vem sendo cultivada com sucesso na região de Belmonte.

Da fava à baunilha
Além de não ser um cultivo fácil, não basta plantar e polinizar manualmente as flores para colher suas favas de baunilha perfumadas e prontas para serem usadas. In natura, não têm cheiro. Para que adquiram as características aromatizantes que deram fama à baunilha, é preciso que as favas sejam submetidas a um longo e trabalhoso processo de cura, através do qual se forma o principal princípio activo do aroma característico da baunilha, uma substância química (um aldeído) chamada vanilina.

Por isso, não é de se estranhar que, depois do açafrão e do cardamono, a baunilha seja a terceira especiaria mais cara do mundo. Um quilo de favas de qualidade custa por volta de 500 dólares; 1 kg de vanilina natural para a produção de extracto custa mais 4000 dólares.



(fonte: site Correio Gourmand, Brasil)